15/10/07

Quando o falecido não morre...

Andei aqui preocupada em não mostrar o meu lado ridículo, e afinal há mais eternas viúvas.

Então andámos a namorar um sapo que nunca chegou a príncipe, não é? Os anos passaram e do príncipe, nada!

Um dia, apesar dos esforços deles em nos matar a auto-estima, apanhamos outro vírus, por eles, em vida, chamado de rebeldia - desconheço o nome em latim - e adeus!

Mas invez de das maravilhas que imaginávamos que íamos ter, uma vez livres do animal, encontramos um universo paralelo, em que as nossas amigas ainda andam a tentar transformar sapos em príncipes (também as há felizes, mas isso não interessa a ninguém), e aquele gaijo boOomm que nos fez ter pena de sermos comprometidas, já anda a enganar outra ou desapareceu sem deixar rasto, e ficamos "buá buá", "coitadinha de mim", "ninguém me quer", e coiso. E então aparece outro vírus, cujo principal sintoma é "saudade".

Como mulheres inteligentes, nunca iremos admitir que sentimos saudades do animal, pois não? ERRADO.

Não admitimos para os outros, mas, cá dentro, onde ele se instala, ui! O gajo não só existe, como habita o coração e a alma, à larga, e nunca mais nos vemos livres do maldito inquilino.
Eu estou doutorada neste tema, ah pois estou! Sou a eterna viúva: já enterrei 3 e ainda n resolvi o luto.


No entanto tenho um plano para estas situações: Quando o falecido não morre, matâmo-lo nós. É a solução em 3 passos simples:

1º Juntem os restos mortais do animal - cartas, fotos, a meia que deixou lá em casa - e ponham tudo numa caixinha;

2º Embrulhem tudo os que resta deles em vós, soprem para a mão e fechem-na para não deixar sair nada, e enfiem tudo na caixa, tapando-a logo de seguida - porque estes sentimentos têm formas de escapar, volatizan-se no ar, voltando a instalar-se no coração, quando inspiramos. Atem a caixa bem atada. Para as práticas serve um cordel, para as românticas, fitinhas de N. Srª. do Bonfim, de cetim, lã trançada... quero lá saber! O que interessa é que a atem, e bem atada!

3º Depois de uma lágrimazita bem espremida - que fica sempre bem - lancem tudo ao mar! Na falta de mar, também serve um penedo ali na Estrela. O que interessa é que não haja forma de voltar a ver os restos mortais do defunto! Pra quem procura religiosidade no Oriente, também serve uma garrafa de álcool e um fósforo, em pira ardente, é poético, é bonito! e PUF! Adeus!

Se o gajo nunca vos deu nada, escusado será dizer que, nem merece o funeral...


E agora, o que fazer ? Também tenho a solução, em 3 passos simples:

1º Preencham o tempo que, de repente, têm pra tudo. Tudo aquilo que desejavam fazer enquanto assistiam ao Portugal-Turquia, de saca-rolhas na mão, prontas para ir buscar a cervejinha, é agora a altura! Inscrevam-se num mestrado, numa aula de dança, de ginástica, ou equitação;

2º Mudem de penteado e de roupa: por favor, anotem, que Top cai-cai ou míni-saia são duas peças que nunca se usam juntas ou começam a chamar-vos de Yolanda ou coisa parecida, e a acenar-vos com notas de 20 €;

3º Saiam de casa - apesar do que dizem as nossas mães, em casa não se fazem amigos! A não ser, que o vosso sonho seja conhecer pessoalmente a menina da AVON ou o técnico da Lisboa-gaz.

Tenho a certeza, certezinha, que é a terapia indicada para a patologia. Se quiserem verificar, estou disponível para qualquer funeral que queiram fazer, prometo levar flores, e até ir de vermelho! Sim, é de vermelho que se veste - não é motivo de Luto, voltar a viver!